quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Orgulho negro... para que?

Orgulho negro... para que? O que seria ter orgulho pelo negro no Brasil? Depois de grande analise não só observativa, como também antropológica e histórica passei a refletir se é realmente plausível lutar em prol do negro, em um país que não se tem identidade como negro e tampouco incentivos para ter orgulho. Começamos pelos fatores históricos, hoje comemoramos no dia 20 de novembro o dia da consciência negra, que ontem fora no dia 13 de maio – e muitos dirão que não era dia da consciência negra e sim da libertação dos escravos, se apegando somente a nomenclatura do dia, que, no entanto, não fora de valia nenhuma, nem uma e nem outra data – que o primeiro, para os iniciantes estudantes, verdadeiros, da história do negro, que no dia 20 de novembro Zumbi fora morto pelo seu algoz Domingos Jorge Velho, e mais, para aquele que – sem vergonha de assumir – não é amigo da leitura, isso se retrata nos filmes de Cacá Diegues, ou seja, tomando a banda de reggae Natiruts como axioma nesse caso, que dizem “Nossa história foi contada por vocês, e é julgada verdadeira como a própria lei”, ou seja, temos a história, também, de Zumbi, contada pelos opressores. Portanto, quem garante que foi dia 20 de novembro e se foi, está certo ser comemorada como dia da consciência negra? Ou comemoramos mais uma queda, ou como diria Hakim Bey, uma insurreição, um levante, que é o nome que o vencedor da àquela revolução, àquele ato de rebeldia popular que não dera certo. Quanto ao dia 13 de maio, nem há muito a se dizer, mesmo porque, acredito eu, que a maioria já saiba que o Brasil foi o ultimo país no mundo a abolir a escravidão de fato, pressionada pela Europa, entretanto há uma lei contra a escravidão a partir de 1831, ou seja, de lá até 1988 a venda e compra de escravos fora a base de contrabando, ou seja, mais um dos jeitos brasileiros, será que temos um grande histórico disso??? Levando em consideração esse primeiro ponto podemos começar a considerar e pontuar o ponto identitário do negro que de forma alguma está constituído no Brasil. Podemos começar com algumas observações ao longo dessa pesquisa, que cunha no fato de muitas pessoas só tomarem a “consciência” da sua condição de negro, após os vinte anos – isso levando em consideração o macro, pois existem pessoas com mais de 30 que ainda tem sérias duvidas quando a sua identidade étnica --, e por esse motivo cheguei a seguinte conclusão; Segundo a maioria dos pedagogos, a criança entende quem é a partir dos 12 anos em média, pois já tem sua personalidade, praticamente formada, e hoje se formos avaliar, isso pode ser até antes, da forma que as coisas andam bastante precoce, principalmente com a “geração internet”. Então, creio eu, que o problema é muito mais grave do que imaginamos, pois e os pais dessa geração, ou das gerações passadas, ou será que essa alienação vem desde os africanos que perderam a identidade e se venderam até a consciência e alma ao dono? Aonde se perdeu a identidade ou mesmo o espelho, de ser negro, e da sua cultura ou mesmo dos seus valores? Será que essa pseudo aceitação de si, vem somente depois da década de 1990 que, o negro virou moda, o negro começou a ser aceito via rap e filmes internacionais? Pois até então, o negro ainda era visto como inferior em tudo, tanto intelectualmente, como esteticamente, como musicalmente, haja vista o pagode, ou o rap ativista do public enemy, ou mesmo o gangsta do N.W.A., que era música de preto, mal vista e não quista na casa de “famílias de bem”, até que, eis que surge Eminem, e hoje em dia, o rap bling bling é aceito na casa dos opressores, como é aceito Racionais Mc’s em conversíveis no Morumbi. E hoje, o negro, no Brasil, ainda é considerado, música, beleza, força e só. Vejo uma série de disparidades quanto ao negro, e sua pseudo identidade, desde a comemoração do dia 20 de novembro, passando pelos valores sociais e estéticos. Quando um negro se destaca, ou seja, se forma em algum curso superior – em qualquer uniesquina que seja – ou é inserido de embuste no sistema, ele já embranquece, já não tem mais a sua condição pusilânime de marginal – que na verdade todos nós que não fazemos parte da classe acima da plebe dentro da pirâmide, somos, de fato, marginais – e com isso, se sente superior ao outro negro, se sente dono do poder, e com isso quer, sem sombra de duvidas, destratar, humilhar e desonrar o seu par, tentando dessa forma, fortalecer seu ego. E com isso, essas formas embusteiras de vitória do negro, o que ele busca, cada vez mais, a não ser embranquecer? Vejamos os seguintes fatores, o negro nessas condições pusilânime de inserções ao sistema já evita os seus pares, ele quer ter amizades com japoneses, por serem mais inteligentes, com italianos por serem mais bonitos, com franceses por serem mais cheirosos – de acordo com o estigma social imposto pelo europeu no mundo --, desclassificando seus pares, e mais, ele não veste mais roupas tidas de negro, ele quer as marcas que – mesmo que os descriminem nos seus países de origem, eles vestem, pois no Brasil você terá o status quo – são caras, são usadas pelo, um dia, opressor, para ser visto como importante, visto como inserido em algo como o “negro da casa grande”. O discurso de um negro inserido dessa forma, começa a tomar proporções Gilberto Freyreanas, que estamos em uma país mestiço, que somos multirraciais e que não devemos ter preconceito e que o preconceituoso, de fato, é o negro, e que mesmo sem saber o porque do 20 de novembro, ele diz que não há motivos para ter o dia da consciência negra, que devemos ter consciência humana e segue os ensinamentos, não de um Dr King, de um Malcolm, de um Gama, mas sim de um negro bestial e vendido como o Morgan Freeman – que de livre só tem o nome, pois o vendido nunca é livre. Temos também o negro pseudo ativista, sem formação que são a maioria ou com formação que é uma minoria – a maioria em uniesquina – que leu alguns livros americanos da história do negro, como a autobiografia de Malcolm X ou do mesmo autor, Negras Raízes, e se acha o africano honorário pregando o pan africanismo, sem ao menos entender o sentido de pan, pois trabalha para dar dinheiro aos brancos, recebe migalhas dos brancos e grita que é pan alguma coisa, pois africanistas não são. E o pior, desses pseudo ativistas, é que eles além de ter uma leitura superficial sobre qualquer tema de negro – pois se não o tivesse estaria evoluído intelectualmente, a níveis astronômicos – pregam o idiotismo que entenderam, como por exemplo, nos anos 2000 o radicalismo do Malcolm, que ele mesmo aboliu antes de sua morte, mas nunca se vendeu como negro, igual aos nossos de todas as idades. E quando leem algo do Brasil voltado ao negro, leem coisas escritas pelos brancos, ou seja, panfletagem de pseudo abolicionistas que incutiam o papel de santo, entretanto não abriam mão dos seus escravos, e desconhecem um Gama, um Rebouças, um Oswaldo de Camargo, um Assis Duarte, um Machado -- ou se conhecem o ultimo, é de Dom Casmurro que apesar de ser sua obra Magna, é empurrada goela a baixo aos estudantes sem se explicar a sua real essência que muitos educadores desconhecem – e outros escritores ou professores ou figuras negras que se destacaram em algum momento na história do Brasil e com isso poderia reiterar a frase da Banda Natiruts, ou seja, querem ser, querem discursar, mas pouco sabem da historia do negro do seu próprio país e no entanto se diz negro por consumir algo a qual não faz parte, como por exemplo ovacionar a história do Mandela, sendo que, fora o exemplo de vida, nunca influenciou na história, de fato, de negro algum brasileiro, pois nosso racismo além de não haver leis em prol dele, e ser velado, ou seja, ninguém assumir que é racista por haver leis contra algo que nunca houve lei em prol, portanto não há lei, de fato, se não há crime contra os direitos civis do negro a ser combatido no âmbito jurídico. E tudo isso cunha em um discurso falho, pois esses negros cujo falta identidade seja intelectual, histórica e antropológica na procura, de seus companheiros afetivos, o opressor, ou a figura mais próxima a eles, mas não por amor, não por haver uma história entre pessoas, mas pelo simples fato de querer status quo, de querer estar inserido e embusteiramente aceito, e Fanon já explica em seu livro, “Peles negras Mascaras Brancas” que o negro, quando vê o seu par, o opressor, ele se sente forte no seu ego, por de alguma forma ter dominação, mesmo temporária sobre ele, ou a aceitação, ou seja, no caso da mulher negra, ter o homem branco que ela almeja, ou não, mesmo porque os tidos como melhores espécimes de brancos, não querem a mulher negra, a não ser para o sexo – como ouvi em um banheiro a poucos meses, de um homem branco que não tinha me visto, que prefere “comer” as negras pois a genitália é mais quente, e ela é mais fogosa, em termos coloquiais, ela chupa melhor, fode melhor, e te faz ir aos ares e a branquinha, dali em diante, só servirá para mostrar à mãe, e o melhor, no show da Erykah Badu, no SESC Santo André em dezembro --, ela tem o branco padrão, mesmo por alguns momentos e de forma embusteira sem ser fruto de estupro ou de embriaguez e sim de forma sublime e natural, sob concessão dos dois, pelo menos na cabeça dela, e quanto ao homem negro, ter uma mulher branca em sua cama, é noção de vitória, por ter aquela mulher que seu pai ou avo eram proibidos de ter, passível de linchamento, e de humilhação pública, pois, “onde já se viu um negro tendo ambições matrimoniais com uma mulher branca, é uma afronta aos bons costumes e ao cristianismo”, dizeres de novelas de “época da rede globo”. Entretanto podemos fazer um breve comparativo, de celebridades, de negros realmente inseridos, no sistema, que trilharam seus caminhos, mas nunca deixaram de ser quem são, e, sempre elevaram todo e qualquer negro, ou seja, lutaram e lutam pelos seus pares, nas suas áreas de atuação, diferente do negro que de forma ludibriatória é inserido no Brasil. Então vamos lá: Podemos comparar no esporte o Pelé – que pra mim não é rei de nada – ao Michael Jordan, ou mesmo ao Ronaldo Nazário – que é um néscio fenomenal --, que enquanto o Jordan teve como par afetivo Juanita, uma não branca, nos EUA, em compensação os nossos astros, Xuxa, Daniela Cicarelli, entre outras, e me pergunto, por amor ou status? Denzel Washington, Wesley Snipes, entre outros, e aqui, de todos os nossos pares, temos SOMENTE, o Lazaro Ramos, ou seja, status, status, reflexo de auto estima... Portanto concluo o seguinte, o negro brasileiro em uma visão mor sobre ele, não há identidade, não há auto estima, não há elementos históricos conhecidos pela maioria. Hoje se espelha-se no que o norte americano é, mas não o que ele trilhou, temos o movimento dos Jovens SWAG, mas eles não conhecem o rap ativista, temos os produtos para cabelo, para não se ter o cabelo “ruim”, mas não conhecem e sabem o porque do “black is beatiful”, temos a feira preta e uma série de danças tidas como afro, mas é uma África que nem eles e nem os africanos conhecem, pois nesses eventos o negro não é nada mais do que música dança e sensualidade, ou seja, não ultrapassamos historicamente o Casa grande e Senzala de Freyre, e por esse motivo, esses negros não passam de Negrinhos da senzala em ascensão à casa grande, quando chegam... Por esses motivos os negros, realmente, ativistas e intelectuais, desistiram da causa, pois há muita ignorância, corrupção e volúpia de ser opressor no meio dos nossos pares, e em minha vã ignorância da falta do saber de fato, mas por tudo já visto, também perdi o orgulho que, um dia, se quer, tive do negro do nosso país Ramakrishna Ramos